terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
Cultive o otimismo
Manter atitudes e pensamentos positivos 24 horas por dia: Isso também se aprende!
"Nutrir a esperança no futuro e perceber o lado positivo das experiências é um aprendizado como qualquer outro, dizem os especialistas. A qualquer momento, pode-se começar a ver o mundo sob um novo ângulo mais favorável. Aqui você descobre como trazer otimismo para todos os momentos de seu dia".
Dizem que, frente a um copo com água até a metade, o otimista o enxerga meio cheio, enquanto o pessimista o considera meio vazio. E é com esse olhar que uns e outros encaram todas as facetas da vida. E você? Como tem olhado o mundo ultimamente? A felicidade e a realização nascem da maneira positiva como encaramos as responsabilidades e o futuro. Basta querer olhar tudo sob um novo ângulo. Ou, melhor, aprender a fazer isso.Cultivar uma postura afirmativa e confiante não significa ser ingênuo, nutrir ilusões ou se forçar a ver tudo cor-de-rosa, como fazia Polyanna, 
personagem criada em 1913 pela escritora americana Eleanor Hodgman Porter (1868-1920). Órfã de mãe, em vez de reagir aos maus-tratos da madrasta Polyanna se resignava e em tudo via motivo de alegria. Por isso, virou sinônimo de um positivismo desconectado da realidade. “O verdadeiro otimista tem noção das limitações, mas sabe se adaptar a elas. Se chove na praia, ele confia que o tempo vai melhorar. E, se não melhorar, acha que pode descansar, tirar o atraso nas leituras. Já o pessimista espera que tudo aconteça do jeito que ele quer e, caso contrário, se deixa paralisar pela frustração e mergulha na negatividade”, resume a psicóloga Beatriz Cardella, de São Paulo.“Otimismo não significa minimizar os problemas, mas confiar na capacidade de tomar o controle da situação e partir para a ação mesmo sabendo que a solução pode ser transitória”, continua a psicóloga. Isso é o que na física se chama resiliência – a propriedade de um corpo voltar à forma original depois de sofrer pressão ou tensão.
personagem criada em 1913 pela escritora americana Eleanor Hodgman Porter (1868-1920). Órfã de mãe, em vez de reagir aos maus-tratos da madrasta Polyanna se resignava e em tudo via motivo de alegria. Por isso, virou sinônimo de um positivismo desconectado da realidade. “O verdadeiro otimista tem noção das limitações, mas sabe se adaptar a elas. Se chove na praia, ele confia que o tempo vai melhorar. E, se não melhorar, acha que pode descansar, tirar o atraso nas leituras. Já o pessimista espera que tudo aconteça do jeito que ele quer e, caso contrário, se deixa paralisar pela frustração e mergulha na negatividade”, resume a psicóloga Beatriz Cardella, de São Paulo.“Otimismo não significa minimizar os problemas, mas confiar na capacidade de tomar o controle da situação e partir para a ação mesmo sabendo que a solução pode ser transitória”, continua a psicóloga. Isso é o que na física se chama resiliência – a propriedade de um corpo voltar à forma original depois de sofrer pressão ou tensão.Reprogramar os pensamentos
“Nosso cérebro funciona como um computador, que só trabalha com os programas instalados. Cabe a nós mesmos colocarmos em nosso disco rígido mental pensamentos afirmativos, de segurança e sucesso. Isso é fundamental para nutrir a saúde e superar as dificuldades”, ensina Marcius Mattos Ribeiro Luz, médico acupunturista e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).“Mentalizar o que queremos, em vez do que não queremos, é o primeiro passo”, diz o médico. Outro método simples para reformular os padrões de pensamento é por meio da repetição. “Se reafirmarmos para nós mesmos o quanto somos fortes, competentes, vamos nos imbuir desse espírito. Mesmo que a princípio os auto-elogios soem forçados.”“Estou sempre prestando atenção em mim para não entrar numa freqüência pessimista”, conta Telma Diegues do Nascimento, publicitária, 46 anos, de São Paulo. “Se tenho um problema e sinto que vou desanimar, me dou uma bronca. Olho o espelho e digo para mim mesma: ‘Ânimo! Vai dar tudo certo!’.”
Substância do bem-estar
Em qualquer situação estressante, aquietar a mente é fundamental no aprendizado do otimismo. Se estamos tranqüilos, não somos engolidos pela expectativa exagerada que conduz ao pessimismo. “Nos momentos de relaxamento, o cérebro produz serotonina, uma substância que promove a sensação de bem-estar e ajuda a lidar com os problemas”, explica a psiquiatra mineira Sofia Bauer.Nem sempre encarar um fato sob a perspectiva otimista é a garantia de bons resultados, mas vê-lo pelo lado pessimista contribui para que tudo dê errado. “Se vamos a uma reunião com a cabeça cheia de idéias pessimistas, vamos deixar que esse estado de espírito transpareça no olhar, nos gestos e inconscientemente isso contribui para que o resultado da conversa seja negativo”, explica Fernando Dalgalarrondo, psicólogo especializado em programação neurolingüística (PNL), de Campinas, em São Paulo.“Eu confundia pessimismo com realismo. Achava que, prevendo o pior, sofreria menos se algo saísse errado”, lembra o estudante Denison Paiva Piratininga, 26 anos, de São Paulo. “Agora, me preparo para as situações difíceis e confio mais em mim e na sorte.”O pensamento otimista está alicerçado no autoconhecimento. “Fortalecê-lo é a base para a virada em direção à positividade”, afirma a psicóloga Beatriz Cardella. “Para isso, vale praticar exercícios físicos e desenvolver a consciência corporal, com ioga e meditação, manter uma postura aberta nos relacionamentos e nas amizades ou, quando se sentir apertado, respirar fundo já faz a diferença. Todas essas são formas de estreitar a intimidade consigo mesmo”, finaliza.
24 horas em sintonia com o lado bom da vida
Pequenas mudanças de hábito, como respirar e prestar atenção nos pensamentos, ajudam a desenvolver uma postura mais positiva e corajosa frente aos desafios do cotidiano. Isso vale especialmente para alguns momentos do dia, quando estamos mais suscetíveis à avalanche de pensamentos negativos. Acompanhe as sugestões dos especialistas para ser otimista em tempo integral.
Ao acordar
Quando despertarmos, o cérebro está descansado e a mente fresca para estabelecer o tom do que vem pela frente. Mesmo nos dias em que não dá vontade de sair da cama só por pensar nas obrigações, procure imaginar as tarefas não como fardos, mas como chances que irão estimular sua garra, sua criatividade e seu jogo de cintura. “Construa imagens positivas visualizando as obrigações uma por uma e imaginando que vai realizá-las com tranqüilidade e segurança”, sugere o psicólogo e especialista em programação neurolingüística Fernando Dalgalarrondo. Concentre-se também nos momentos agradáveis de que poderá dispor ao longo do dia para contrabalançar as responsabilidades. Pense na possibilidade de convidar um amigo para almoçar, olhar os lançamentos em uma livraria, dar uma caminhada para relaxar, por exemplo. Mesmo alguns minutos desses prazeres já fazem a diferença.
Durante o dia
A mesa está cheia de papéis e há muitas tarefas pela frente? O melhor é fazer uma coisa de cada vez e, ao longo do expediente, reservar alguns minutos para relaxar e recarregar as baterias. “A cada duas horas, as células do corpo trabalham com cerca de 20% a menos de capacidade e sentimos uma queda de vitalidade”, explica a psiquiatra Sofia Bauer. Para esses momentos, ela sugere uma meditação rápida: feche os olhos, respire devagar e profundamente e procure se desligar dos problemas. Pense em um momento da vida em que você experimentou sensações prazerosas – uma viagem, uma brincadeira de infância ou uma comidinha gostosa. Procure sentir fisicamente as sensações boas que a lembrança evoca e as mantenha durante alguns minutos. Enquanto isso, seu cérebro produz substâncias que induzem ao bem-estar. “Lentamente abra os olhos. Afirme que essa sensação boa irá acompanhá-lo no resto do dia, proporcionando ânimo para enfrentar suas tarefas”, recomenda Sofia.Depois de algumas horas mergulhado em afazeres, pode surgir a sensação de ansiedade, que deflagra pensamentos pessimistas. Aproveite a pausa do almoço, por exemplo, para se reconectar consigo mesmo. “Encare-o como um momento só seu”, diz a psicóloga Beatriz Cardella. “Evite falar e até mesmo pensar em trabalho.” Depois de comer, reserve alguns minutos para relaxar. Sente-se sozinho e deixe a mente se afastar das preocupações. Se puder, faça uma pequena caminhada, de preferência em um parque ou uma praça.
Em uma reunião de trabalho, no trânsito...
Aproveite os minutos antes de um encontro ou compromisso importante para visualizar a conversação transcorrendo de maneira favorável a você. Na hora, sente-se com as costas alinhadas, apóie os pés no chão, nutrindo a sensação de estar conectado à terra. Estampe no rosto um sorriso, respire tranqüilamente e sinta-se confiante em estar desempenhando seu papel da melhor forma possível. Ao se apresentar tenso, deprimido, com um aspecto inseguro, você vai provocar nos outros uma reação de desconfiança ou estranheza: aí é que as coisas têm maior chance de não dar certo. “Numa situação em que sinta que você e seu interlocutor têm opiniões opostas, lembre-se de um antigo ensinamento chinês que diz que devemos tentar observar a situação do ponto de vista do outro. Isso abre o caminho para o entendimento”, diz o acupunturista Marcius Luz.O trânsito estancou a sua frente? Em vez de ficar nervoso e pensar que vai perder a hora, que vai atrasar para o jantar, elimine os pensamentos pessimistas e simplesmente respire. “Quando estamos tensos, uma das primeiras reações é nossa respiração tornar-se curta, quase ofegante. Inspire profundamente, enchendo bem os pulmões e sentindo o ar preencher o abdômen, e expire lentamente”, sugere o psicólogo Fernando Dalgalarrondo. “O efeito relaxante é imediato.” Procure também mudar o ângulo do pensamento, acreditando que terá jogo de cintura para reverter o atraso e que tudo vai se encaixar no fim.
À noite, em casa
Ao término de um dia cheio, chega novamente o momento de nos reconectarmos a nós mesmos, deixando o turbilhão do lado de fora de casa e da mente. “Existem noites em que precisamos descarregar a tensão e outras em que nos sentimos sem energia, vazios”, distingue a psicóloga Beatriz Cardella. “Pergunte a si mesmo o que precisa nesse momento.” No primeiro caso, a especialista recomenda que se saia de casa, convide um amigo para tomar um drinque, dêem telefonemas, converse, que se ria, extravase. E, se o objetivo é se nutrir interiormente, tome um longo banho, ouça música, fique no escuro e deixe que a secretária eletrônica atenda suas ligações. Quando teve um dia ruim, escreva em um papel suas queixas ou os fatos desagradáveis. “Procure encontrar o lado positivo de cada um deles, pois o pior acontecimento sempre traz em si uma lição de aperfeiçoamento pessoal”, diz o psicólogo Fernando Dalgalarrondo. Também procure desacelerar pelo menos uma hora antes de dormir: deixe de lado computador, estudos, leituras e atividades que exijam concentração. “Tome como exemplo a própria natureza: à noite, animais e plantas se acalmam e se recolhem”, afirma o acupunturista Marcius Luz. Já deitado na cama, visualize imagens relaxantes, paisagens e situações que induzam à tranqüilidade, ao bem-estar e a um sono reparador.
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